Um murmurinho que começou nas eleições voltou às rodas de conversas de Canoas na última semana. Falam sobre possíveis demissões em massa que podem ocorrer em empresas daqui a partir de 2023, graças ao receio de investidores colocarem dinheiro no país após a vitória de Lula (PT) contra Bolsonaro (PL).
O momento agora é de esperar para ver o que vai acontecer. A avaliação é de Denério Rosales Neumann, Presidente do Sindilojas Canoas. Segundo ele, o setor está apreensivo para ver o que 2023 reserva e respostas mais definitivas devem aparecer apenas em março. “Está se encerrando um ano que vendeu, mas não encerrou com boas vendas, ainda aquém do que esperávamos”, comenta.
A hora é de desconfiança. “As empresas estão receosas de fazer investimentos. Empresas externas estão esperando o que vai acontecer. Uma corrente de esquerda não dá muito entusiasmo para as empresas. As pessoas que estão assumindo os cargos já são velhos conhecidos e o atual ministro da economia, Paulo Guedes, é considerado um dos melhores ministros do mundo. Tudo isso nos leva a uma preocupação muito grande”, projeta Denério.
Mas não é só o cenário nacional que preocupa. Segundo o representante dos lojistas, o afastamento do prefeito eleito, Jairo Jorge (PSD), também causa instabilidade. “Isso também reflete na nossa economia. Vamos ver o que vai acontecer no futuro. A cidade de Canoas não foge do que está acontecendo a nível nacional. Queira ou não, hoje o desenvolvimento comercial passa pelo processo político. E como a política está em situação delicada, isso reflete nas compras. O comércio sente esse efeito há tempo”, comenta.
Mesmo assim, ele é otimista com as possibilidades do futuro. “Vamos parar com esse negativismo, olhar para o futuro que tem tanta coisa para construirmos. Vamos desenvolver e que nossos políticos consigam fazer leis estáveis”, estimula.
Para André Guindani, presidente da Câmara de Indústria e Comércio de Canoas (CICS), o novo governo não apresentou seus planos para a economia de forma satisfatória, inclusive em questões como o incremento da atividade empresarial e geração de empregos. “O estouro do teto de gastos é péssima sinalização para o mercado, porque demonstra falta de responsabilidade fiscal, causando aumento da dívida pública e dos juros. Isso pode afastar investimentos e, por consequência, gerar desemprego a médio prazo”, analisa.
Segundo ele, o que se percebe é que boa parte do empresariado está na expectativa dos primeiros meses de Governo para decidir se avança ou recua em novos investimentos e projetos. “Canoas tem uma economia diversificada e grande potencial para atração de novos negócios, inclusive indústrias. Cabe ao Governo Federal publicizar claramente sua estratégia econômica, tendo como prioridade a melhoria do ambiente de negócios, para aumentar a arrecadação e a geração de empregos”, opina Guindani.
De janeiro a outubro de 2022, Canoas contabilizou 4.622 novos empregos. Esse número é 74% maior que o total de vagas preenchidas no mesmo período em 2021, que foi de 2.654 vagas. Em outubro deste ano foram contratados 933 trabalhadores na cidade, ultrapassando o recorde do mês de agosto, que registrou 773 admissões.
O grande destaque foi para o setor de construção com 593 contratações. O segmento de serviços recrutou 144 pessoas e o comércio efetivou 131 trabalhadores e, por fim, a indústria empregou 65 operários. Outro dado importante, conforme as informações do Caged, é que em 2022 não houve déficit de empregos, ou seja, quando o número de demissões é maior que as contratações. O último registro foi em dezembro de 2021, quando o saldo ficou negativo em 511 vagas fechadas.
O Secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Inovação de Canoas (Smdeti), Marcus Vinícius Machado, é mais otimista. “Isso se finda com a eleição. Eu jamais vou projetar redução de faturamento e, para isso, precisamos de mão de obra e vagas de trabalho. Será um ano muito exitoso no que tange a oferta de empregos”, acredita.
Em conversas com empresários, ele tem ouvido que a projeção é de aumento nas equipes e que o desafio está na qualificação da mão de obra. “Temos políticas institucionalizadas de feirões de emprego. Muitas vezes, os empregos não estão sendo cobertos por falta de qualificação. Isso é uma preocupação muito presente do prefeito Nedy de Vargas Marques, qualificar a mão de obra”, aponta.
A Prefeitura de Canoas realiza quatro feiras de emprego, uma por semana, em cada quadrante da cidade. A cada dois meses há um feirão em um dos quadrantes. Conforme Quinho, empresas já estão mirando em pré-selecionados para o próximo ano e a perspectiva é cada vez mais crescente.