RODRIGO BECKER

Rodrigo Becker é jornalista e escreve sobre política, negócios e cidade diariamente neste espaço.

CANOAS | Emílio Neto não é mais o ‘chefe da Casa Civil’ de Nedy: os bastidores de uma queixa

Último ato político do governo em 2022 foi a dispensa do vereador Emílio Neto da Secretaria de Relações Institucionais

A decisão que tirou Emílio Neto (PT) da secretaria de Relações Institucionais foi tomada pelo prefeito em exercício Nedy de Vargas Marques por volta do meio-dia de sexta-feira, 30 de dezembro. Havia alguns dias que o assunto estava na mesa de Nedy. Fora levado até ele depois da eleição da presidência da Câmara em que Cris Moraes (PV) restou eleito, conforme acordo acertado ainda no finalzinho de 2020, com a chancela e o aval de Jairo Jorge, Nedy e dos partidos que, então, compunham a base do governo na Câmara.

A queixa chegou a Nedy pelo Bloco dos 7 ampliado: o MDB de Airton Souza, Link e Cezar Mossini; o PP de José Carlos Patrício e Aloísio Bamberg; o PDT de Alexandre Gonçalves; e o Novo de Jonas Dalagna, com a adesão de PTB de Eric Douglas e Juares Hoy. Foi uma queixa, importante frisar; não um pedido de degola. Entre o grupo, houve descontentamento com uma situação ainda pouco esclarecida: Emílio teria dito aos parlamentares que a bancada do PT, composta pelas vereadoras Vani Piovesan e Maria Eunice, votaria com o novo bloco para eleger Alexandre Gonçalves à presidência da Câmara.

Parte do grupo entende que Cris é um nome próximo ao prefeito afastado Jairo Jorge e preferia que a presidência repousasse sobre um nome originalmente ligado à oposição, que é o caso de Alexandre. Isso facilitaria a tramitação de um eventual pedido de impeachment contra Jairo, lembrando que naqueles dias ainda não havia a certeza do momento em que a denúncia chegaria à Casa. Marcelo Fontella acabou antecipando o pedido que foi votado – e rejeitado – na quinta-feira, 22, dois dias depois de confirmada a eleição de Cris.

Emílio contou ao blog ainda na sexta que não conversou com Nedy sobre os motivos da demissão. Polianna Perinazzo, chefe de gabinete do prefeito, foi quem o comunicou da decisão. “Não tem estremecimento. Minha missão como secretário era as relações com a Câmara. Se uma parte significativa desta Câmara não se sentir mais a vontade com a minha presença nessa função, tudo bem”, disse Emílio. “Minha participação no governo era restrita ao tempo que pudesse ser útil. Volto à Câmara com tranquilidade, sem problema algum”.

Já o Bloco dos 7, como aconteceu mais recentemente na votação do pedido de impeachment, se fechou. Ninguém comenta nada – e a desculpa dos que atendem o telefone é que, agora, chegou o recesso e pouca movimentação política deve acontecer nos próximos dias. No entanto, é dado como certo que o PTB que vinha parceiro do bloco volte a posicionar-se isoladamente, sem uma discussão de grupo.

Vale lembrar que a eleição de Cris Moraes foi avalizada por Nedy, horas antes da votação. Por ele, o acordo seria mantido. E foi. Isso pode ter feito o PT de Emílio mudar a posição e manter o voto em Cris, se é que cogitou o apoio a Alexandre em uma incomum virada de mesa no acordo estabelecido no início da legislatura. Importante dizer que Cris chegou a abrir mão do cargo para que se construísse um acordo mais amplo, contemplando o grupo que era oposição a JJ mas que se mantém em diálogo com Nedy. Sem avanço significativo, resolveu não abrir mão da candidatura. Sem o voto do PT que daria os 11 necessários para virar o jogo da eleição, o Bloco dos 7 e o PTB recuaram e votaram também em Cris – mas não esqueceram Emílio.

Foi aí que nasceu a queixa.

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