Está tudo registrado em vídeo: o vereador de Nova Santa Rita, Eliel Líder Comunitário, agrediu na tarde desta terça-feira, 3, um cinegrafista da RDC TV, emissora de Porto Alegre que cobria o fim dos atos bolsonaristas em frente a um quartel no Centro da capital. Durante as filmagens, os profissionais da RDC viram um pequeno grupo se aproximar e, entre eles, estava o vereador. Tudo foi registrado em câmeras de celular. Era quase 15h30. O vereador se aproxima e desfere um soco com toda a força contra o cinegrafista, que mal tem a oportunidade de se amparar. Confira o vídeo que blog obteve:
O caso foi registrado na 17ª Delegacia da Polícia Civil como agressão, mas deve ser levado à 1ª DP, responsável pela área onde o fato aconteceu, nesta quarta-feira, 4. Comprovada a autoria e apurada as circunstâncias, o vereador pode ser denunciado à Justiça e, em caso de condenação, ser preso. A pena por agressão é detenção de três meses a um ano – e as circunstâncias em que o fato ocorreu podem agravar ou atenuar a pena. Procurado por produtores da RDC à noite, o vereador se disse ‘chateado’ com o caso e que só iria se manifestar após consultar o seu advogado.
O blog também tentou contato com o vereador Eliel e, na manhã desta quarta-feira, 4, ele mandou a seguinte resposta por WhatsApp: “A respeito do fato ontem em Porto Alegre, o jornalista faltou com educação com as pessoas que estavam ali inclusive eu, aflorou se os ânimos eu perdi a razão e devo me retratar com o cinegrafista!”, escreveu. “Eu reconheço que errei quando dei um tapa no rapaz, estou arrependido e peço desculpas, inclusive se o rapaz aceitar, quero pedir a ele pessoalmente que me perdoe”.
Dada a informação, comento; vereador Eliel: procure mesmo um advogado. Jornalistas a serviço da informação costumam desagradar muitas vezes quem não gosta de ser contrariado – mas isso não lhe dá o direito de impor violência e agressividade contra ninguém. Imagina se qualquer um de nós fôssemos à Câmara de Nova Santa Rita, que aliás é onde o senhor deveria estar, e partisse para cima de um parlamentar no uso da tribuna? Não é o exemplo que queremos para nossos filhos e netos.
Certamente qualquer cidadão numa situação dessa teria sido preso em flagrante. Na sorte dos que se sentem impunes, vereador, o senhor saiu da cena como se fosse o agredido. Mas não foi. O repórter cinematográfico que sentiu o peso de sua mão raivosa estava lá não por adesão política, mas por dever de ofício. Para levar informação ao público tão contaminado pelas redes de fake news que se espalham aos borbotões.
O leitor não pense que tenho prazer em escrever sobre isso, nem o vereador Eliel imagine que faço gosto em criticar sua postura. Aliás, respeito muito que tenha reconhecido o erro e que esteja disposto a pedir perdão ao colega agredido. Mas, como jornalista há 26 anos, me sinto no dever de informar e, por vezes, alertar. Semana passada, quando o mesmo vereador Eliel resolveu subir em um ônibus em direção a Brasília para sustentar de corpo presente atos golpistas, disse que ele era mais importante aqui do que lá. Quero me corrigir: esse tipo de comportamento, disseminador de ódio, não faz falta em lugar algum.