“Enxurrada matou meu filho de oito meses”, diz homem que teve a casa destruĂ­da por temporal

FamĂ­lia era da Vila Sahy, regiĂŁo mais afetada pelas chuvas e teve a casa completamente destruĂ­da

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As chuvas de mais de 600 milímetros em apenas 24 horas que atingiram São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, levaram embora não somente casas, móveis e carros, mas também sonhos de famílias como a de Wagner de Oliveira, 30.

Morador da Vila Sahy, que fica na costa sul e foi um dos locais mais atingidos pelo temporal, Oliveira perdeu um filho de oito meses, que foi levado pela força da ågua. Sua outra filha, de 9 anos, estå internada no Hospital Regional do Litoral Norte, em Caraguatatuba.

A mãe de Oliveira também sofreu ferimentos, assim como a sua esposa, que se encontra na Vila Sahy, ajudando no resgate de outras pessoas.

Oliveira, que conversou com a reportagem no entorno do hospital para onde os familiares estão se deslocando para reconhecer os corpos das vítimas, conta que tudo começou por volta das 17h de såbado (18), com tempo feio, mas a chuva mesmo teve início às 20h.

Ele disse que todos foram dormir por volta das 21h30. “Um pouco depois, minha mĂŁe, que mora lĂĄ hĂĄ algum tempo, me chamou e disse que a chuva estava muito forte. Ela sugeriu que saĂ­ssemos, mas preferimos ficar. Havia alguns pontos de alagamento, mas nĂŁo imaginei que a chuva ia ser tĂŁo forte”, conta.

Mas foi na madrugada de domingo (19), por volta das 2h, que a história da vida da família mudou. A mãe de Oliveira o chamou novamente e disse que uma casa na vizinhança tinha caído.

“Quando me dei conta, nossa casa estava balançando e minha esposa gritava muito. Foi tudo muito rĂĄpido. Eu consegui pegar meu filho de 8 meses e entregar para a minha mĂŁe, mas veio muita ĂĄgua e a lama. Ela nĂŁo conseguiu segurar. Uma ĂĄrvore atingiu a nossa e fez um buraco no quarto da minha outra filha. Foi por lĂĄ que eu consegui retirĂĄ-la.”

Chorando, ele conta a conversa que teve com a esposa em meio ao caos. “Minha esposa me disse que jĂĄ tinha perdido um filho e nĂŁo queria perder outro [a filha de 9 anos]. Conseguimos salvĂĄ-la, mas ver meu filho de 8 meses morto em meus braços foi muito difĂ­cil.”

Oliveira, que estava acompanhado de uma psicĂłloga que prestava assistĂȘncia para as famĂ­lias das vĂ­timas das chuvas, disse que o nĂșmero de mortos ainda vai crescer muito em SĂŁo SebastiĂŁo. “Perto de casa, tinha uma residĂȘncia com mais ou menos 30 pessoas. A casa estava alugada para o Carnaval. Falam em 37 mortos [40, na Ășltima atualização], mas esse nĂșmero Ă© sĂł na Vila Sahy”, afirmou.

Para se deslocar atĂ© o hospital, usou helicĂłptero, Ășnico meio em que era possĂ­vel sair do local no momento.

Mesmo tendo perdido o filho, ele ainda teve forças para auxiliar nos trabalhos de buscas após conseguir salvar a filha, a mãe e a esposa.

“Nessa casa que estava alugada, eu escutei uma mulher pedindo socorro, mas nĂŁo consegui chegar muito perto. Estava escuro e tinha muita lama. Tem muita gente embaixo dos escombros”, afirmou.

Nas proximidades do hospital, a cena comum Ă© de encontrar muitas pessoas chorando. SĂŁo familiares que perderam parentes durante as chuvas ou pessoas buscando por pessoas desaparecidas.

Fonte: Folha de SĂŁo Paulo.

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