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A Companhia Brasileira de Distribuição, proprietária dos supermercados Extra, foi condenada a pagar uma indenização de R$ 12 mil a uma cliente negra que foi humilhada pelo segurança. O fato ocorreu em uma loja do bairro Santo Amaro, em São Paulo.
Entenda o caso
Acompanhada da filha, a mulher de 56 anos, entrou no supermercado para comprar pão. Porém, ao observar que a fila do caixa estava demorada, acabou desistindo, deixou o produto na prateleira e foi sair do estabelecimento. Nesse momento, conforme relato da vítima, o segurança a abordou e arrancou a bolsa de suas mãos aos gritos: “o que você tem aqui?”
Ainda, segundo a mulher, ela passou por um grande constrangimento já que todos no supermercado começaram a olhá-la como se tivesse cometido algum crime. Em seguida, ela chamou a polícia por conta da humilhação e denunciou o caso como racismo.
“A autora [do processo] está cansada de sofrer violência em razão da cor da pele, pois não foi a primeira vez que a julgam como se não tivesse dinheiro para adquirir produtos ou até mesmo exigir que apresentasse o comprovante de pagamento quando já estava no estacionamento do supermercado”, afirmou à Justiça o advogado Marco Aurélio Tadeu, que a representa.
O advogado ressaltou que o Extra tem câmeras de monitoramento e que, portanto, o segurança poderia ter verificado que ela não havia cometido furto algum. “Somente depois da chegada dos policiais os funcionários pediram desculpas, mas isso não repara o dano que ela sofreu na frente dos demais clientes.”
No processo
A defesa do supermercado alegou não ter responsabilidade sobre os fatos, uma vez que que a “suposta abordagem indevida” teria sido realizada pelo segurança de uma empresa terceirizada.
Além disso, afirmou que a “narrativa” feita pela cliente “não corresponde à realidade dos fatos”, e que “é revestida de um caráter oportunista com a finalidade de obter vantagem financeira”. “Isso porque os funcionários e prestadores de serviços da Companhia Brasileira de Distribuição passam por treinamentos internos que os qualificam a atender a todos com absoluto profissionalismo e decoro, não sendo possível, portanto, a ocorrência de situação como a narrada”, declarou à Justiça.
“A Companhia Brasileira de Distribuição é um grupo empresarial que sempre prezou pelo bom atendimento e respeito ao próximo e prova disso são as décadas que solidificam o trabalho da ré em seu ramo de atividade.”
Supermercado condenado
Ao condenar o supermercado, o juiz Théo Assuar Gragnano afirmou ter ficado demonstrado que a cliente foi abordada de forma abusiva, diante dos demais consumidores, sem qualquer indício fundado de delito. Disse ainda que “a questão racial, em contexto de racismo estrutural” surge efetivamente como razão possível da conduta.
A empresa ainda pode recorrer.
*Com informações do UOL Notícias