ECONOMIA: Carrefour, Americanas, Marisa e Casas Bahia fecharam mais de 400 lojas nos últimos meses

O setor varejista penou com pandemia, inflação, queda de renda e inadimplência. Para se segurar, o segmento passa por pesada desidratação

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O grupo espanhol Dia lidera com folga a lista das empresas do varejo que anunciaram grandes fechamentos de lojas no país. Na semana passada, a rede informou que encerrará a atividade de 343 supermercados e três centros de distribuição (CDs) no Brasil. O número equivale ao dobro dos 159 pontos de venda fechados pela Americanas, que vive uma crise profunda desde janeiro de 2023.

Além das duas empresas, outros gigantes do varejo nacional também promoveram – ou informaram que vão promover – uma forte redução de suas estruturas físicas. A lista inclui, por exemplo, o Carrefour (123 estabelecimentos), a Lojas Marisa (89) e a Casas Bahia (38, até o terceiro trimestre de 2023).

A lista dos maiores fechamentos de lojas no país
Rede Dia – 343
Americanas – 159
Carrefour – 123
Marisa – 89
Casas Bahia – 38

Embora todas as empresas da lista façam parte do mesmo setor – o varejo – e tenham enfrentado problemas comuns nos últimos anos – como a pandemia, seguida por surto inflacionário, aperto monetário e avanço da inadimplência –, o fechamento maciço de lojas ocorre por motivos diferentes.

Na opinião de Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), no caso dos supermercados, um entrave comum para o bom resultado positivo das redes tradicionais foi o crescimento do atacarejo.
Avanço do atacarejo
De acordo com um relatório do BTG Pactual, divulgado em fevereiro deste ano, esse misto de atacado com varejo num só ponto de venda aumentou a penetração entre os consumidores brasileiros de 62% para 73% entre 2019 e 2023. Hoje, ele alcança cerca de três quartos dos domicílios.

A rede Dia, porém, enfrentou dificuldades específicas, observa Terra. Para o especialista, no Brasil, o grupo passou por diversas mudanças de comando e tentou adotar vários formatos, o que inclui lojas próprias, franquias e o modelo original da Espanha, focado em preços baixos. “Além disso, o varejo alimentar brasileiro exige uma regionalização, tanto de perecíveis como de marcas, e o Dia não conseguiu fazer esse trabalho”, afirma.
Lojas não rentáveis

No Carrefour, o anúncio do encerramento da atividade de 123 supermercados foi feito na divulgação do balanço da empresa, em 20 de fevereiro. Na ocasião, foi anunciado um prejuízo líquido de R$ 565 milhões no quarto trimestre de 2024. O resultado representou uma queda dramática em relação ao mesmo período do ano anterior, quando a rede obteve um lucro líquido de R$ 426 milhões.

O Carrefour informou que as lojas vendidas ou fechadas não são rentáveis. Elas incluem 16 hipermercados, que estão entre os mais afetados pela concorrência dos atacarejos, 94 lojas da marca TodoDia e 13 da Nacional e Bom Preço.

Reestruturação
No caso da Marisa e da Casas Bahia, as duas empresas passam por um processo de reestruturação. Na última semana, a Marisa divulgou uma prévia dos resultados do quarto trimestre, na qual aponta para uma queda de 28% nas vendas (na comparação entre as mesmas lojas) no quarto trimestre de 2023, ante o mesmo período de 2022.


A publicação do balanço do último trimestre de 2023 da Casas Bahia estava previsto para o dia 13 de março, mas foi adiado para esta segunda-feira (25/3). No terceiro trimestre do ano passado, o último relatório contábil disponível, a empresa reportou um prejuízo líquido de R$ 836 milhões, um montante 311% superior ao constatado no mesmo período de 2022.


Sobre o fechamento de 38 lojas até o terceiro trimestre de 2023, a empresa informou por meio de nota que “parte da estratégia do seu plano de transformação passava pela revisão de seu parque de lojas, visando garantir a viabilidade e o crescimento sustentável do negócio a longo prazo”.

Fonte: Metrópoles

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