Deise Moura dos Anjos será transferida do Presídio Feminino de Torres para a Penitenciária Feminina de Guaíba. Presa desde 5 de janeiro por suspeita matar três pessoas com bolo envenenado na véspera de Natal, ela deve deixar a unidade nos próximos dias.
A transferência já havia sido solicitada em 22 de janeiro e autorizada pelo juiz Jefferson Torelly Riegel na última quinta-feira (25). No entanto, até o momento, Deise continua detida em Torres e não há prazo para a mudança.
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Presídio diz não ter estrutura para garantir segurança de mulher acusada de matar familiares com bolo envenenado
A direção do Presídio Feminino de Torres argumenta que a unidade não tem estrutura para garantir a segurança de uma detenta com o perfil de Deise. O local não possui ala de isolamento, e a superlotação agrava a situação. Atualmente, há 73 presas para apenas 54 camas, o que obriga 19 mulheres a dormirem no chão.

Além disso, manter Deise isolada dificulta a separação de presas com doenças transmissíveis, colocando em risco a saúde da população carcerária. A prorrogação da prisão temporária da investigada por mais 30 dias aumentou ainda mais a necessidade da transferência.
Deise sofre ameaças de outras presas
De acordo com apuração do Correio do Povo, Deise está sendo ameaçada por outras presas. A administração do presídio confirmou que as detentas demonstram indignação com o crime atribuído a ela, que ganhou grande repercussão na mídia.
“As presas relatam inconformidade com a conduta imputada a Deise. Ameaças e xingamentos ocorrem pela janela da cela 01 durante o pátio de sol”, informou a direção do presídio.
Para evitar ataques, Deise tem direito a apenas uma hora de pátio por dia, em um turno separado das demais detentas. A avaliação dos agentes penitenciários é de que as ameaças aumentaram após os exames apontarem arsênio no filho de Deise, uma criança de 9 anos, além da contaminação de outro menino, filho de uma das vítimas.
“A maioria das detentas não costuma aceitar crimes que envolvem crianças”, afirmou um agente penitenciário.
A Polícia Civil segue investigando o caso.
Quem é quem no caso do bolo envenenado com arsênio
Deise Moura dos Anjos: suspeita central, Deise é acusada de envenenar o bolo que matou três pessoas e deixou outras duas hospitalizadas. Ela também é suspeita de envenenar seu pai e seu sogro com arsênio. A polícia encontrou evidências de suas pesquisas sobre arsênio em seu celular. Deise está presa preventivamente e enfrenta acusações de triplo homicídio qualificado e tripla tentativa de homicídio.
Zeli dos Anjos: sogra de Deise e responsável por preparar o bolo envenenado. Zeli sobreviveu ao envenenamento mesmo após ter sido a única da família que comeu dois pedaços da sobremesa. Ela chegou a ficar internada no hospital mas já recebeu alta. A polícia acredita que ela era o principal alvo de Deise.
Neuza Denize Silva dos Anjos: irmã de Zeli e uma das vítimas fatais. Ela tinha desentendimentos com Deise, relacionados à antipatia da suspeita com sua filha, Tatiana.
Tatiana Denize: prima de Deise, Tatiana foi uma das vítimas fatais. A investigação aponta que Deise nutria ressentimentos banais em relação a Tatiana, como a realização de seu casamento em uma igreja desejada por Deise.
Matheus: sobrinho-neto de Zeli, Matheus sobreviveu ao envenenamento e foi o primeiro a receber alta do hospital. A polícia acredita que ele não era um alvo direto de Deise.
Paulo Luiz dos Anjos: sogro de Deise, envenenado com arsênio possivelmente por meio de leite em pó em setembro de 2024. Seu corpo foi exumado, confirmando a presença do veneno.
José Lori da Silveira Moura: pai de Deise, supostamente envenenado com doses menores de arsênio ao longo do tempo. A polícia planeja exumar seu corpo para confirmação.
Diego Silva dos Anjos: marido de Deise, filho de Zeli e Paulo Luiz. Até o momento, a Polícia Civil descartou o envolvimento de Diego nos envenenamentos.