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23 de maio de 2025
CuriosidadesSonho do apartamento próprio vira pesadelo em Canoas

Sonho do apartamento próprio vira pesadelo em Canoas

Famílias que compraram apartamento neste empreendimento em Canoas estão em busca de uma solução para o caso

O sonho do apartamento próprio virou pesadelo em Canoas. Famílias que compraram imóveis no Mirantes do Parque, no bairro Marechal Rondon, estão desde 2021 esperando a entrega das chaves. Porém, a obra anunciada em 2017 não saiu do chão.

Sem receber o imóvel e sem notar avanços na obra, moradores de 150 unidades criaram a ACAMPAR (Associação de Compradores de Apartamentos do Mirantes do Parque) em fevereiro de 2022. Em entrevista a reportagem da GBC, o grupo afirma que “não tem garantia que o empreendimento será construído e nem que o dinheiro será devolvido”.

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Como seria o empreendimento?

Anunciado em 2017 pela Nex Group, o Mirantes do Parque teria seis torres 936 unidades divididas entre studios e apartamentos de dois e três dormitórios. Além disso, como parte da estrutura o empreendimento teria área de lazer com piscina, sala de jogos, quadras esportivas, salões de festas e piscinas. A entrega da primeira fase estava prevista para novembro de 2021.

O metro quadrado de cada unidade chegou a ser comercializado por cerca de R$ 6,5 mil.

Porém, desde o anuncio de venda, até março de 2025, a obra não começou. O terreno no cruzamento da rua Aurora com a Avenida Farroupilha está abandonado.

“Nunca houve nenhuma obra no local. Houve apenas uma escavação”, relatam integrantes da associação.

Construtora alega não ter condições

Com a obra atrasada, muitos clientes pediram o distrato com a construtora. Porém, em 2023, a Nex Group informou aos moradores que não teria condições de continuar com a construção do empreendimento. Como alternativa para os consumidores, a empresa apresentou a B. Fabbriani de Santa Catarina que assumiria o empreendimento.

De acordo com relatos de moradores entrevistados pela reportagem, a Nex Group apresentou a alternativa em assembleia, mas não houve votação formal. A nova construtora, então, informou estar ciente de toda a situação do empreendimento. Além disso, como substituta da incorporação, ela teria se comprometido a manter os compromissos existentes com os mais de 500 consumidores do empreendido. Por fim, no encontro, as construtoras anunciaram a elaboraação de um aditivo no contrato para manter as mesmas condições contratuais anteriores, sem custos adicionais para os clientes.

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Porém, conforme o relato de moradores que integram a associação, após a assembleia, as empresas pediram que eles assinassem um distrato com a Nex e um novo documento com a B. Fabbriani.

“Além dessa mudança na estratégia contratual, os distratos propostos ao longo de 2023 e 2024. Incluíram apenas os valores nominais pagos, desconsiderando toda a valorização ocorrida durante o período contratual e os custos de corretagem. Nunca houve aprovação dessas minutas pela Associação ou Comissão”, diz a associação.

Das 500 unidades vendidas, cerca de 25% realizaram a nova assinatura. “Caso o empreendimento não seja erguido, perderemos nossos direitos ao assinar esse distrato?”, questiona um grupo de moradores que integram a associação.

Lacuna na legislação aumentou o pesadelo

No contrato assinado no momento da venda, havia uma garantia de que o dinheiro arrecadado com a comercialização das unidades só poderia ser utilizado na construção do empreendimento o que é chamado de afetação patrimonial. Porém, a associação relata que à incorporadora não fala sobre o destino dos R$ 105 milhões entregues pelos compradores.

Em busca de soluções para o problema, moradores foram atrás da legislação brasileira. Porém, no caminho, encontraram lacunas.

Uma delas é que não há, conforme a associação, uma determinação que obrigue a construtora a informar o estado em que está o patrimônio de afetação no momento da compra de um imóvel na planta. “Isso garantiria maior transparência e proteção aos consumidores”, comenta a associação.

Além disso, a demora na criação de uma comissão de Adquirentes, entidade obrigatória pela lei da afetação patrimonial, após o inicio da comercialização dos imóveis também é apontada como um problema a ser resolvido. “Essa Comissão deveria ter acesso aos cronogramas físicos e financeiros e aos extratos mensais devidamente assinados pelos responsáveis desde o início das vendas”, comenta a associação.

Porém, a criação da comissão só ocorreu em 2023. Além disso, o grupo relata dificuldades para realizar a fiscalização e que não teve acesso a cronogramas físico-financeiros. Por fim, eles ressaltam que a comissão precisa de ajuda jurídica, mas que atualmente, a associação está arcando com os custos de advogados

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Para evitar que novas pessoas sofram com o mesmo pesadelo, a associação criou um perfil no instagram (@ACAMPAR.ORG_MIRANTES_DO_PARQUE) para chamar a atenção sobre para mudanças na legislação que venham a aumentar a proteção para o consumidor na hora de adquirir um imóvel.

“Isso pode ajudar inúmeras famílias a não sofrerem como nós, que investimos nossas economias em um sonho que hoje se resume a um buraco no terreno e inúmeras promessas não cumpridas”, comenta a associação.

O que dizem os responsáveis pela obra?

A reportagem da GBC tentou contato com a NEX Group e com a B. Fabbriani. Porém, não obtivemos retorno até o fechamento desta reportagem.

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