Adolescentes criaram grupo chamado “Matadores” antes de atacar professora em escola

Alunos queriam se vingar de professores da escola por serem repreendidos após indisciplina

Três adolescentes – dois meninos, um de 15 e outro de 14 anos, e uma menina de 13- , planejaram por dias um ataque brutal contra uma professora na Escola Municipal João de Zorzi, em Caxias do Sul (RS). O crime ocorreu no início da tarde de 1º de abril, quando os estudantes levaram cinco facas escondidas nas mochilas e entraram normalmente pelo portão da escola.

De acordo com a investigação da Polícia Civil e da BBC News Brasil, o trio organizou o ataque em um grupo no Instagram chamado “Matadores”, criado após uma repreensão por má conduta dentro da escola.

As mensagens trocadas revelam que os jovens discutiram detalhes do plano, como as armas usadas, a forma de execução e até a fuga. “Vamos matar quantos?”, perguntou um. “Quem tiver na frente”, respondeu o outro.

Durante a aula de inglês, os adolescentes fecharam a porta da sala, desligaram a câmera de monitoramento e partiram para o ataque. A professora, de 34 anos, foi surpreendida pelas costas e sofreu 13 golpes de faca. Os ferimentos, descritos como “brutais”, atingiram diversas partes do corpo.

Apesar da violência, a vítima sobreviveu após receber socorro de uma enfermeira da Unidade Básica de Saúde vizinha à escola. Está em recuperação e afastada das funções.

O que relataram as testemunhas do ataque contra a professora na escola

De acordo com testemunhas, o ambiente era de pânico entre os alunos da turma 71, que correram aos gritos por ajuda. “Mataram a profe”, diziam. A cena descrita foi de desespero: a professora caída, ensanguentada, implorando por socorro. “Não dava para fazer nada. Eles podiam vir pra cima da gente também”, contou um estudante.

Após o ataque, os dois meninos fugiram para uma área de mata, e a Brigada Militar os encontrou quatro horas depois. Já a menina permaneceu na escola, e os pais a levaram para casa. No entanto, autoridades internaram os três em unidades da Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (Fase), onde aguardam julgamento.

A polícia não descarta ligação com grupos extremistas que atuam online. Embora ainda não haja prova concreta, o caso será aprofundado nessa linha. “Pode ser a ponta de um iceberg”, disse a delegada Aline Martinelli, que conduz a investigação.

Contudo, relatos mostram que o clima na escola vinha se deteriorando, com casos de indisciplina e desrespeito às normas. Assim, o estopim teria sido um episódio em que alunos encheram preservativos com ar em sala de aula. A direção puniu os envolvidos e convocou os pais para uma reunião — o que, segundo depoimentos, motivou o plano de vingança.

LEIA MAIS:

Além disso, dias antes do crime, os adolescentes fizeram ameaças públicas. Um deles postou fotos com uma faca no Instagram. Na véspera do ataque, uma mensagem circulou entre os estudantes: “Amanhã se preparem”.

A professora era temporária na escola, e tinha apenas uma hora de aula semanal. De acordo com seu advogado, ela não teve nenhum conflito prévio com os agressores. “Foi um ato de ódio puro, sem explicação racional”, afirmou.

MATÉRIAS RELACIONADAS

MAIS LIDAS