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24 de maio de 2025
ServiçoEventos climáticos extremos serão mais frequentes no RS, diz estudo

Eventos climáticos extremos serão mais frequentes no RS, diz estudo

Estudo diz que eventos climáticos extremos no RS serão mais frequentes – A tragédia climática de maio de 2024 foi a maior já registrada no Rio Grande do Sul. No entanto, eventos ainda mais extremos e frequentes podem atingir o Estado nos próximos anos. É o que revela o estudo “As Enchentes no Rio Grande do Sul – Lições, Desafios e Caminhos para um Futuro Resiliente”, apresentado na última quarta-feira (30).

Coordenado pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), o estudo envolveu 15 órgãos e universidades. A publicação destaca que as chuvas de maio foram as mais intensas, duradouras e abrangentes já registradas no Brasil. Os pesquisadores alertam: as mudanças climáticas aumentaram a chance de desastres como esse em até duas vezes, com precipitações até 9% mais intensas.

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Além disso, o estudo mostra que o Sul do Brasil lidera o risco de novas cheias extremas. Projeções indicam aumento de até 20% nas vazões máximas dos rios. Com isso, tragédias antes previstas para ocorrer a cada 50 anos podem acontecer a cada 10.

“Esses eventos vão se repetir. E vão se tornar cada vez mais fortes”, afirma Ana Paula Fioreze, superintendente da ANA para a GZH.

Na prática, isso pode elevar em até três metros o nível dos rios na Serra e em até um metro no Guaíba, que já atingiu 5,37 metros em 2024, batendo o recorde de 1941.

Estudo diz que eventos climáticos extremos no RS serão mais frequentes: falta de preparo agravou a tragédia

A pesquisa também aponta falhas graves na resposta à tragédia. Cerca de 40% dos atingidos em Porto Alegre não sabiam morar em área de risco. Não havia planos de evacuação. Hospitais, quartéis, prédios do governo e centros de dados estavam em locais inundáveis.

“A população precisa saber onde mora, quais os riscos e o que fazer quando o alerta tocar”, alerta o hidrólogo Fernando Fan, do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH).

Além disso, o monitoramento falhou. Várias estações estavam danificadas ou sem funcionar. Isso dificultou os alertas e atrasou a resposta das autoridades.

Soluções: prevenção e obras

O estudo recomenda ações imediatas para evitar novas tragédias. Os especialistas defendem uma combinação entre obras e prevenção. Entre as medidas não estruturais, destacam:

  • Mapear áreas de risco
  • Incluir impactos climáticos no planejamento urbano
  • Reforçar o monitoramento hidrometeorológico
  • Criar planos de evacuação e comunicação com a população

Já entre as medidas estruturais, estão previstas obras com recursos de um fundo de R$ 6,5 bilhões dos governos federal e estadual. Estão no plano:

  • Construção de um dique em Eldorado do Sul
  • Reforço no Arroio Feijó
  • Contenção nos rios Sinos e Gravataí

Contudo, Fan reforça:
“Essas obras são importantes, mas precisam estar dentro de um sistema. Sem manutenção e integração com prevenção, não funcionam.”

Impacto da tragédia de 2024

Segundo o levantamento, cerca de 2,4 milhões de pessoas foram afetadas em 478 municípios. A tragédia causou 183 mortes, 15 mil casos de leptospirose, 50 mil desabrigados e prejuízos bilionários. Em alguns pontos do Norte, a chuva ultrapassou 700 mm. A Serra registrou mais de 15 mil deslizamentos.

A conclusão dos especialistas é clara: o Estado precisa se preparar com urgência para novos eventos extremos, que serão mais comuns e mais devastadores.

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