A cidade de Nova Santa Rita (RS) sedia, nos dias 22 e 23 de outubro, a casa-exposição “Nem Tanto Doce Lar”, uma proposta da Fundação Luterana de Diaconia (FLD) que convida a comunidade a refletir sobre a violência doméstica e familiar. A atividade é gratuita e aberta ao público, das 8h30 às 12h e das 13h às 16h30, no Centro de Convivência do CRAS, localizado na Rua das Cerejeiras, 239, no Centro da cidade.
Mais do que uma mostra sensorial e interativa, a proposta é desconstruir o imaginário do “lar seguro”, escancarando as muitas formas de violência que, muitas vezes, ficam escondidas dentro de casa. Abordando a violência contra a mulher, idosos, jovens e crianças, além da alienação e exploração sexual.
“A ideia é trazer a público o tema da violência doméstica e familiar para isso não ficar escondido nas quatro paredes de uma casa”, explica Renate Gierus, assessora de projetos da FLD.

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Segundo Renate, a exposição faz parte de uma jornada educativa, realizada em parceria com prefeituras, secretarias, organizações da sociedade civil e entidades públicos. Em Nova Santa Rita, por exemplo, a jornada contou com uma formação para profissionais da rede de proteção local, realizada no mesmo espaço da exposição.
“Trabalhamos com a prevenção, a denúncia e o fortalecimento das redes locais. Essa formação é fundamental para que as equipes estejam preparadas para acolher e agir frente às situações de violência”, destaca.
Como funciona o projeto
A exposição Nem Tanto Doce Lar integra a política de justiça de gênero da FLD e circula pelo país desde 2006. Já passou por 106 municípios, promovendo formações, rodas de conversa e articulações com diferentes redes de apoio. A escolha das cidades ocorre por meio de projetos financiados via editais, ou a partir de demandas locais de entidades que já conhecem o trabalho da fundação.

“Muitas vezes somos procurados por pessoas ou instituições que conheceram a exposição em outro município. É um movimento que acaba se espalhando naturalmente”, explica Renate.
Quatro programas de atuação
A FLD trabalha em quatro frentes principais:
- Agricultura familiar e alimentação saudável;
- Defesa de direitos de povos indígenas e comunidades tradicionais;
- Educação antirracista;
- Pequenos projetos sociais, com editais que apoiam coletivos e organizações.
Foi por meio do edital de Justiça de Gênero, com foco na violência doméstica e familiar, que o projeto Nem Tanto Doce Lar ganhou novo fôlego. O edital apoia projetos curtos (de até 6 meses) com valores de até R$ 15 mil, sempre com foco em prevenção e conscientização.
“Trabalhar a violência doméstica exige olhar para interseccionalidades. Não é possível falar de violência de gênero sem considerar o racismo, por exemplo. As mulheres negras são as que mais sofrem com a violência doméstica e com o feminicídio”, alerta Renate.
A fundação também atua com comunidades quilombolas, indígenas, ciganas, benzedeiras e pecuaristas familiares, especialmente no bioma Pampa, promovendo ações que respeitam e valorizam a diversidade cultural e social dos territórios.
Próximos passos
Depois de Nova Santa Rita, a jornada segue para Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG), em novembro. Lá, a programação contará com duas formações e mais dois dias de exposição. “Esse ano, o projeto Nem Tanto Doce Lar completa 19 anos de atuação. Continuamos acreditando que a transformação começa no debate, na escuta e no fortalecimento das redes locais”, conclui Renate.


