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21 de novembro de 2024

Saiba como funciona o cérebro de um psicopata

O cérebro psicopata se diferencia em estrutura e funcionamento. Saiba como diferenças cerebrais podem influenciar o comportamento.

Especialistas consultados identificaram uma estrutura cerebral como o possível epicentro da psicopatia: a amígdala. Essa pequena região, parte do sistema límbico, localiza-se no centro do cérebro e não deve ser confundida com as amígdalas palatinas, que ficam na parte posterior da boca.

O pesquisador Luke Hyde, professor do Departamento de Psicologia da Universidade de Michigan, afirma que “as teorias mais proeminentes apontam que a amígdala, responsável por processar informações sobre ameaças, apresenta disfunções em indivíduos com esse transtorno. Essa área cerebral parece ser menos ativa nesses casos”. Ele explica que “é como se esses indivíduos não percebessem perigos ou ameaças, ou simplesmente não se importassem com isso”.

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Diferenças estruturais e emocionais

Além disso, o neurocientista Kent Kiehl, da Universidade do Novo México, ressalta que estudos indicam que a amígdala de psicopatas costuma ser menor em comparação à média populacional. “Quanto mais traços psicopáticos uma pessoa possui, menor tende a ser sua amígdala”, detalha. Essa diferença no processamento emocional altera a maneira como psicopatas interagem com o mundo e tomam decisões morais.

A psicóloga Abigail Marsh, professora de neurociência da Universidade Georgetown, complementa que “estruturas como a amígdala são menores e menos responsivas aos sistemas de ameaça e punição”. Além disso, ela observa que “os psicopatas não entendem, não reconhecem e não reagem às emoções alheias”.

Impulsividade e córtex orbitofrontal no cérebro psicopata

Outro aspecto relevante no cérebro de um psicopata é o córtex orbitofrontal, que também pode ser alterado em indivíduos com traços de psicopatia. Essa área, localizada logo atrás dos olhos, é crucial para o controle dos impulsos. Kiehl destaca que “a impulsividade é uma característica marcante entre psicopatas, juntamente com a falta de empatia”. Essa tendência a agir rapidamente pode ser explicada por disfunções nesse córtex.

Embora os estudos não tenham encontrado anomalias em outras regiões do cérebro do psicopata, como o córtex pré-frontal, Kiehl enfatiza que “pessoas com esse transtorno raramente apresentam déficits cognitivos”.

Genética e Ambiente: A Origem da Psicopatia

A questão das origens da psicopatia levanta debates. Segundo a psicóloga Arielle Baskin-Sommers, professora da Universidade Yale, “a psicopatia tem um componente hereditário”. Contudo, ela alerta que “não existe um único gene que explique o desenvolvimento do transtorno”. Além disso, a influência ambiental desempenha um papel significativo nesse processo.

Baskin-Sommers explica que crianças que apresentam sinais de psicopatia, como insensibilidade, podem ter seu comportamento reforçado por fatores como a forma de criação. Marsh complementa que “os fatores de risco, incluindo a genética, afetam como os cuidadores lidam com essas crianças, podendo reforçar padrões negativos”.

Assim, um indivíduo com predisposição genética no cérebro pode exibir comportamentos problemáticos na infância. Se os cuidadores reagem inadequadamente, seja com punições severas ou negligência, esses padrões se solidificam, potencialmente levando ao desenvolvimento da psicopatia.

Em resumo, “ninguém nasce psicopata, mas alguns têm um risco maior de desenvolver o transtorno”, conclui Marsh.

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