Foto: Polícia Civil/Divulgação
Da redação | O líder da quadrilha que foi alvo da Operação Miragem, Kelvin Willian Merseburger Ferreira, conhecido como ‘Sekão’, mandava e desmandava nos criminosos de dentro do Presídio Central. A informação é da Polícia Civil.
Atrás das grades, ele tinha acesso ao aplicativo Consultas Integradas. Lá, ele buscou informações sobre a identificação de veículos, para poder clonar placas dos carros roubados, endereços de potenciais vítimas e de integrantes de facções adversárias e de pessoas ligadas a eles, existência de inquéritos e de processos judiciais e relatos de policiais e de testemunhas em ocorrências em que seu grupo estivesse envolvido.
Ele era um dos criminosos que estavam na lista de prisões que seriam realizadas nesta quinta-feira (1°). Em abril, ele saiu da Cadeia Pública de Porto Alegre para só em junho colocar a tornozeleira eletrônica. Mas, em 1º de julho, ganhou prisão domiciliar e retirou a tornozeleira. Kelvin havia sido preso em flagrante por receptação e tem uma condenação de cinco anos e quatro meses por roubo de veículo. Hoje, o bandido não foi encontrado no local que indicou estar para a Susepe.
Operação Miragem
A ação foi deflagrada pela Polícia Civil em parceria com a Brigada Militar. O objetivo era desarticular uma organização criminosa investigada por roubo e furto de veículos, além de explosões em caixas eletrônicos.
A investigação que durou seis meses e foi coordenada pelo delegado Thiago Lacerda, titular da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (DRACO), começou em 30 de janeiro. Na data, dois criminosos foram presos em flagrante por receptação e posse ilegal de arma de fogo. Com eles, os policiais apreenderam bloqueadores de sinais de rastreador, rádios comunicadores na freqüência da Brigada Militar, placas clonadas e um revólver calibre 38 que era utilizado nos roubos de veículos. Além disso, foram recuperados dois carros e uma moto que estavam em ocorrência de roubo e duas motocicletas adulteradas.
Com essa prisão, os policiais conseguiram descobrir que os indivíduos integravam uma organização criminosa que era de Canoas, mas atuava no município e em Cachoeirinha, São Leopoldo e Porto Alegre, realizando roubo e furto de veículos, além dos pertences pessoais das vítimas. Eles agiam em grande escala e tinham metas para praticar os crimes. Os criminosos recebiam encomenda de veículos e até de estepes, além de planejar ataques a caixas eletrônicos.
Os criminosos tinham um líder, que é o Kelvin Willian Merseburger Ferreira de 22 anos, que chefiava tudo de dentro do Presídio Central. Na cadeia, ele também tinha acesso a um sistema interno de segurança pública com a senha de um policial militar. Fato esse, que será investigado pela corregedoria da Brigada Militar (BM).
Na organização, em segundo plano, vinham os ladrões que eram respaldados pela quadrilha. Se fossem presos, eles tinham toda a assessoria jurídica garantida, além de espaços melhores dentro da penitenciária. “Até as galerias eles conseguiam escolher”, comentou o delegado Lacerda.
Na pirâmide organizacional, havia ainda os receptadores dos objetos pessoais, pneus, estepes e veículos. Os clonadores e apoiadores que forneciam armas e locais para esconderijos.
Nas ruas
Nesta manhã, os policiais cumpriram 20 mandados de prisão temporária e 35 de busca e apreensão em Canoas, Cachoeirinha, Porto Alegre e São Leopoldo. Até às 11h, 16 criminosos haviam sido presos. Entre eles, ladrões e receptadores. Juntos, eles praticaram, pelo menos, oitenta crimes. “As investigações continuam e outros desdobramentos poderão ocorrer nas próximas horas contra essa organização criminosa”, afirmou Lacerda.
Já o Major Dirceu Filho, que comanda o 15° BPM em Canoas, destacou que “o êxito da operação se deu pela integração da Brigada Militar com a Polícia Civil que possibilitou a identificação dos criminosos responsáveis por grande parte dos roubos de veículos em Canoas.”
O diretor da 2ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana, delegado Mario Souza afirma que “é uma ação que atinge o cerne dessa organização, sendo muito representativa contra o Crime organizado.” Souza também destacou que chama atenção “além das divisões de tarefas e organização empresarial a organização possuía um grupo diferenciado de receptadores e forma de distribuição dos veículos roubados: com receptação de veículos, de estepes e inclusive de objetos pessoais.”