Menino que cresceu sem pai e perdeu o irmão para a violência conquista diploma

Perder a figura de pai que ele tinha até então foi um golpe que ele quase não suportou

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Paulo Jardel de Linhares da Silva completará 23 anos na próxima quinta-feira (28) e isso será possível porque ele encontrou respostas na sua trajetória carregada de desafios. O menino cresceu sem o pai no bairro centro, de Lajeado, perdeu o irmão mais velho aos 14 anos e chegou a pensar que a morte seria a solução para sua dor. Foi pelo amor à família e o encontro com Deus que ele resistiu, e neste mês ele comemorar o sonho que sempre pareceu distante: está formado em Contabilidade pela Unopar.

Paulo Jardel sempre vai carregar a dor da perda do irmão. Lucas foi morto a tiros em 2014, aos 21 anos, junto com a namorada, dentro de uma lancheria do centro de Lajeado. Perder a figura de pai que ele tinha até então foi um golpe que ele quase não suportou. “Perdi quem podia me orientar a ter sonhos. Fiquei perdido”, lembra Paulo. “Depois da morte fiquei abalado, não tinha perspectiva de vida, não tinha razão de viver nem sonhos. Comecei a criar depressão, pensamentos suicidas muito fortes, entendendo que essa era solução”.

Ele relata que não aconteceu o pior porque ele pensou na mãe, que teria que conviver com mais uma perda e cuidar de dois meninos e uma menina, mais novos que Paulo. Ainda adolescente ele trabalhou por dois anos como jovem aprendiz no Banco do Brasil, e atesta que essa foi uma das experiências mais enriquecedoras de sua vida.

Começou a frequentar a igreja e a encontrar a razão de viver outra vez. “Conversei com pessoas que me entenderam, que ajudaram a cuidar de mim, e comecei a criar perspectivas de novo. Sonhos”. Ele relata que a maior força para continuar foi ter encontrado Deus, e ter percebido que Ele sempre foi o pai. “Quando comecei a ter contato com Deus comecei a entender que Deus é meu pai, e isso mudou tudo. Ele está todo o instante comigo, e isso fez toda a diferença para mim”.

Mais tarde, Paulo Jardel fez carteira de motorista, entrou em faculdade, e neste mês se formou. “Foi transformador”, diz. “Se eu pudesse dizer quem é o Jardel de hoje em relação ao passado, garanto que é completamente diferente. Eu poderia ter desistido de tudo, ter me criado como vítima, ter sido usuário de drogas ou morador de rua dando a desculpa do que aconteceu comigo. Tirei a capa de vítima e coloquei a da superação”, finaliza.

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