O anúncio feito na segunda-feira, 29, de que o Coletivo de Jairo Jorge apoia Luciano Azevedo para deputado federal e Gaúcho da Geral para estadual unificou o grupo, mas está longe de por paz a uma disputa velada que toma conta dos bastidores da campanha e tem como protagonistas lideranças do PSD e do Avante. Nesta quarta pela manhã, Jairo se manifestou pessoalmente por suas redes sociais, retomando algo que já havia dito no início da campanha: não vai participar de atos eleitorais enquanto estiver cumprindo a medida judicial que o afastou do governo e informou que vai votar em que esteve com ele nas ruas em 2020 e o apoiou no governo desde 2021.
Parece um recado claro à escolha do grupo majoritário do PSD, o Coletivo Jairista, de apoiar dois candidatos ‘de fora’, ou seja, sem base eleitoral em Canoas.
A escolha, no entanto, não está ausente da vontade do prefeito. Luciano Azevedo, por exemplo, entrou no PSD em janeiro pelas mãos de JJ. Naquele momento, Jairo vinha flertando inclusive com Beto Albuquerque, que pretendia concorrer a governador por seu partido, o PSB. O plano apresentado a Beto mostrava um caminho pelo Centro que poderia estreitar relações para uma candidatura entre a base política de Eduardo Leite e a que defende Lula à presidência da República. Beto acabou apostando em ficar, mas Luciano Azevedo trocou os socialistas pelo insípido PSD.
Apoiar Azevedo em sua primeira eleição no partido fazia parte do acordo – e a turma de JJ está cumprindo, em nome dele.
O candidato a estadual, no entanto, é o que motiva as tensões nos bastidores da política. Com Jairo afastado, o grupo ligado a ele optou pelo apoio ao Gaúcho da Geral – uma figura que se tornou popular pela presença nos jogos do Grêmio e, eleito deputado, por rejeitar o uso de diárias e economizar verbas de gabinete. O grupo tem uma avaliação de que a candidatura de Márcio Freitas, do Avante, está ‘engolindo’ as demais – especialmente a de Felipe Martini, que acabou desistindo de postular uma cadeira na Assembleia Legislativa logo nos primeiros dias de campanha. Martini disse ao blog, dia desses, que prefere “a marca lealdade enquanto outros ficam com o símbolo da traição”, em um claríssimo recado ao vice-prefeito Nedy de Vargas Marques, a quem culpa pelo fim precoce do plano de eleger um deputado estadual com o DNA do governo JJ – o próprio Martini, no caso.