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Um despachante e um ex-vistoriador do Centro de Registro de Veículos Automotores (CRVA), de São Leopoldo estão sendo investigados por corrupção ativa e passiva. Eles são suspeitos de adulterar documentos e liberar automóveis com problemas para circular.
A investigação foi iniciada após uma denúncia encaminhada pela Corregedoria do Detran. A polícia cumpriu mandados de busca e prisão, resultando na detenção do ex-vistoriador em São Leopoldo e do despachante em Novo Hamburgo, na cidade de Esteio.
Durante as buscas, foram apreendidos R$ 10 mil e duas armas na casa do ex-funcionário. A investigação identificou 10 casos de fraude até o momento, mas há possibilidade de haver mais casos. O despachante encaminhou 57 procedimentos para o CRVA de São Leopoldo nos últimos 12 meses, que ficaram sob os cuidados do ex-funcionário. Além disso, outros 45 pedidos enviados para outros servidores serão investigados.
Como acontecia a fraude
O despachante, em conluio com o ex-vistoriador suspeito, cobrava pagamentos adicionais que variavam entre R$ 500 e R$ 1.000, dependendo da situação. Esses valores eram posteriormente divididos entre os dois e possivelmente outros envolvidos no esquema, conforme indicado pela polícia, que também descobriu menções a uma conta conjunta com saldo de R$ 70.000, cujos detalhes serão investigados.
Aqueles proprietários de veículos que utilizavam os serviços do despachante suspeito eram beneficiados por alterações fraudulentas nos sistemas. A polícia planeja entrar em contato com os responsáveis por pelo menos 10 veículos nos quais foram confirmadas irregularidades, bem como com outros possíveis envolvidos que surjam durante a investigação.
Além da propina recebida, acredita-se que o ex-vistoriador do CRVA de São Leopoldo também aliciava colegas para participarem do esquema. Há suspeita de que outros dois funcionários estejam envolvidos, responsáveis por inserir informações falsas no sistema do Detran referentes aos veículos apresentados pelo despachante e vistoriadores, incluindo o ex-vistoriador preso nesta quarta-feira (14).
Ação da polícia
As investigações iniciaram há três meses, quando uma vítima do Paraná adquiriu um veículo com problemas no documento de origem e foi orientada a procurar o órgão gaúcho. O despachante investigado cobrou um valor adicional para corrigir os problemas no CRVA de São Leopoldo, e esse valor seria dividido com o ex-vistoriador.
Durante a investigação anterior, foram encontradas mensagens de áudio e texto entre os dois suspeitos, discutindo valores, precauções para não serem descobertos e pagamentos via Pix. A polícia também suspeita de lavagem de dinheiro, pois foram identificadas contas bancárias de familiares dos suspeitos.
A investigação continua em andamento e os nomes dos presos não foram divulgados.
