CANOAS: “A gente vivia em um ambiente de humilhação”, conta funcionário demitido de confeitaria

Ele relata que quase um ano após a demissão, ainda não recebeu os salários

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Funcionários demitidos da confeitaria La Casa Cake em Canoas ingressaram na justiça em busca de pagamentos de salários atrasados e indenizações trabalhistas. Um dos casos é do barista Ronaldo Ferreira

Contratado em junho de 2022, o profissional passou por momentos que ele mesmo classifica como de “terror” na confeitaria. “A gente vivia um ambiente de humilhação. Tinha uma senhora de idade que trabalhava com a gente e era ofendida nas reuniões. Era horrível.”

A carga horária, segundo o barista, também era extensa e vinha acompanhada de desvios de função. “Tinha dias que eu chegava para trabalhar às 9h da manhã e ia até às 3h da madrugada. Fui contratado como barista, mas acabei sendo caixa e ia até para a produção”, comenta.

Além do relato das humilhações, Ronaldo recorda que o salário nunca foi pago de forma integral. “No primeiro mês recebi R$ 900, no segundo R$ 700 e depois nunca mais.”
O profissional ficou quatro meses no local. “Um dia fui reclamar e ele me mandou embora.”

Foi contratada e ficou um mês

Neimari Dalavale também integra o movimento de 37 funcionários que buscam o pagamento de seus direitos. Contratada em outubro de 2022 para ser a gerente da confeitaria, ela ficou apenas um mês empregada.

“Ele me demitiu porque eu cobrei hora extra e o feriado. Eu trabalhei um mês, não ganhei folga e ele disse que era problema meu”, comenta.

Processos na justiça

A advogada Juliana Finatto acompanha de perto a movimentação das vítimas. Representando um dos funcionários demitidos, ela afirma que denunciará os casos para o Ministério Público (MP). “Os casos configuram estelionato, exploração, assédio moral e tem relatos até de assédio sexual”.

Além disso, ela relata que após a Justiça não encontra nada nas contas da empresa para executar o pagamento das verbas dos acordos trabalhistas. “Estamos diante de direitos violados dos trabalhadores. Quem compra aqui, está financiando a exploração do trabalho escravo”, comenta.

O que diz a empresa

Em nota, a La Casa Cake afirma que está comprometida em lidar com os processos judiciais “de forma transparente e responsável”. Além disso, destaca que não há “qualquer ilegalidade nas operações comerciais existentes”

Leia a nota na íntegra

“Gostaríamos de informar ao público e aos interessados que todos os processos trabalhistas envolvendo nossa empresa estão devidamente registrados e monitorados em nosso radar financeiro. Reconhecemos a importância e a seriedade de tais processos e estamos comprometidos em lidar com cada um deles de forma transparente e responsável.

Queremos também reiterar nossa confiança e respeito pelo sistema judiciário do país, especialmente a Justiça do Trabalho, que é o órgão legalmente competente para lidar com questões trabalhistas. Valorizamos a legislação e a justiça brasileira e estamos empenhados em cumprir todas as decisões e determinações emanadas por este órgão.

Quanto aos CNPJ existentes todos derivam de relação econômica e orientações fiscais, dos profissionais de contabilidade, não havendo qualquer ilegalidade nas operações comerciais existentes.

Agradecemos a atenção de todos e nos colocamos à disposição para esclarecer quaisquer dúvidas adicionais, sendo que o momento econômico enfrentado após a pandemia ainda não favorece nossa empresa, e estamos atuando para manter os postos de trabalho existentes e saldar dívidas trabalhistas existentes.

Atenciosamente,

Lá Casa Cake”

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