A Polícia Civil deflagrou na manhã desta quarta-feira (11) a Operação Beatus. A ofensiva coordenada pela Delegacia de Repressão à Lavagem de Dinheiro do Denarc tem o objetivo de desarticular uma ampla rede de lavagem de dinheiro pertencente a uma facção criminosa.
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De acordo com a polícia, mais de 200 policiais civis gaúchos e de outros quatro estados (Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Tocantins e Paraná) cumpriram 17 mandados de prisão preventiva e 48 de busca e apreensão, além de ordens para apreensão de veículos de luxo, indisponibilidade de bens imóveis e de ativos no sistema bancário. Além de Canoas, os alvos estavam em Porto Alegre, Alvorada, Cachoeirinha, Novo Hamburgo, Parobé, Charqueadas, Montenegro, Capão da Canoa, Imbé, Gravataí, Gramado, Palmares do Sul e em cidades de Santa Catarina, Paraná, Tocantins e no Mato Grosso do Sul.
Até o momento, os policiais prenderam sete pessoas e apreenderam cinco veículos.
Operação Beatus: facção criminosa movimentou mais de R$ 500 milhões: movimentação milionária
De acordo com o delegado Adriano Nonnenmacher, titular da DRLD, a facção criminosa movimentou mais de R$ 500 milhões durante a investigação.
Conforme a apuração policial, o modus operandi do grupo era o seguinte: chefiado por um líder, os integrantes realizavam centenas de operações dissimuladas no sistema financeiro. Para isso, eles mesclavam as operações entre empresas reais, criavam empresas de fachadas, utilizavam sócios “laranjas”, integravam o capital ilícito e inseriam dados falsos nas declarações junto à Receita Federal, entre outras práticas.
“Provas angariadas confirmaram que a organização atua com grande sofisticação, realizando um emaranhado doloso no sistema bancário, com centenas de transações trianguladas, fracionadas, e mediante inúmeras falsidades junto a bancos. No decorrer da análise policial financeira e telemática, percebeu-se o cuidado que tinham para não serem detectados pelos serviços de prevenção e controle dos bancos, combinando valores, transações discretas e modalidades de burlas mais eficientes para evitar apontamentos, demonstrando elevado conhecimento das rotinas de compliance/prevenção no sistema financeiro e de empresas com as quais mantinham negócios para a compra de bens em ocultação”, explica Nonnenmacher.
Além disso, segundo a polícia, a divisão de tarefas e hierarquia era como uma grande empresa. O líder da façcão, por exemplo, nomeou três gerentes financeiros, o administrativo e a gestão de ativos com demais operadores financeiros e laranjas descobertos que, conforme a investigação, eram empresários, comerciantes e profissionais liberais. Alguns dos envolvidos não tinham antecedentes criminais. Porém, outros já são indiciados por tráfico de drogas e estelionatos. Todos estão com prisões preventivas decretadas e bens bloqueados.
“Dentre as pessoas jurídicas investigadas e algumas já com ativos bloqueados, temos revendas de veículos, supermercados e empresas de fundos/participações, serviços gerais e de saúde”, finaliza Nonnenmacher.