A crise no Hospital Nossa Senhora das Graças (HNSG) segue agravando. Os atendimentos não estão suspensos, mas médicos estão indo trabalhar sem receber salários. Para atender pacientes faltam medicamentos, insumos para internações e até papel higiênico.
A diretora do corpo clínico do HNSG, doutora Renata Rockenbach, relatou que um dos principais problemas é a falta de medicamentos. “Trabalho na oncologia. Teve colega me relatando que o hospital cancelou sessões de quimioterapia dizendo que o paciente estava com baixa imunidade e que, por isso, não tinha como realizar o procedimento. Quando, na verdade, o problema é não ter o remédio. Muitos querem pedir demissão inclusive.” Ela reforça que para não afetar os procedimentos, “os médicos estão pagando os medicamentos do próprio bolso para não prejudicar os pacientes.”
Esse não é o único relato que a médica vem recebendo. “Semana passada me disseram que não tinha papel higiênico. A filha de uma paciente, fazia as unhas da mãe, quando a enfermeira pediu para deixar o que sobrasse do algodão porque não tinha para os pacientes”, conta.
A falta de insumos é apenas um dos problemas. Os médicos não recebem o salário integral desde junho, cerca de 25% do pagamento de julho foi feito neste mês. “Mesmo sem receber, todo mundo está indo trabalhar. Não vamos suspender atendimentos. O problema é que muitos não tem o que fazer. Estamos orientando o paciente a reclamar com a administração do hospital”, afirma a médica.
A reclamação já é antiga
Conforme a profissional, “o gracinha já era deficitário antes da pandemia. A situação piorou quando ela chegou e teve a redução de atendimentos no convênio. Todos os hospitais tiveram queda de receita. Para nós, a administração relata que os insumos aumentaram cerca de 300% e que, por isso, não há dinheiro para cobrir esses gastos.” No inicio de agosto, por falta de recursos, os atendimentos chegaram a ser suspensos.
A Agência GBC apurou que os repasses que a Prefeitura de Canoas faz para a instituição estão em dia e, em muitos casos, são antecipados. A reportagem tenta contato com a administração do hospital, mas ainda não obteve retorno.