Traficante foi morto a tiros ao lado da namorada em Canoas

Eles tentaram fugir de uma abordagem.

Um dos presos pela morte do adolescente Bruno Gonçalves dos Santos em Canoas, beneficiado por um Habeas Corpus, teve um desentendimento com seu grupo criminoso e quis sair. Ele queria voltar para o anterior ao qual integrara antes de mudar de lado. Foi bem aceito. Menos de 10 dias depois, Guilherme de Souza SĂĄ – mais conhecido como Guigui – foi morto a tiros dentro de um carro que fazia transporte por aplicativo, no bairro Guajuviras, em frente a namorada. O corpo foi encontrado em um campo desmatado, no mesmo bairro.

Em menos de 15 dias após o crime, os policiais identificaram e prenderam os criminosos. O motorista, responsável pelo carro, está sendo investigado pelos agentes da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Para os policiais, ele contou que foi obrigado pelos bandidos a ‘se livrar’ do corpo. Conforme apuração feita pela delegacia, esse crime não está relacionado diretamente às mortes de Bruno e de Tiago.

Relembre o caso

A reportagem de AgĂȘncia GBC apurou com exclusividade nesta semana o desfecho de trĂȘs homicĂ­dios de criminosos envolvidos com o trĂĄfico de drogas no bairro Guajuviras, em Canoas. As mortes ocorreram entre dezembro de 2020 e julho de 2021. O desfecho da investigação feita pela PolĂ­cia Civil (Delegacia de HomicĂ­dios e Proteção Ă  Pessoa – DHPP) – conduzida pelo delegado Robertho Peternelli – Ă© digna de livro.

Os autores dos disparos foram identificados pela investigação menos de 12 horas após o crime. Uma cùmera de segurança flagrou toda a ação e, a partir do depoimento de testemunhas, os bandidos foram identificados. Um deles era o adolescente Bruno Gonçalves dos Santos, que também jå estå morto.

Enquanto os agentes da DHPP avançavam nos trabalhos de investigação, a ‘liderança’ do grupo torturou um dos integrantes da dupla. Bruno Ă© suspeito de ajudar a torturar o prĂłprio comparsa que negou a autoria do crime. Ele foi liberado.

Adolescente torturado com marretadas Ă© morto

Horas depois, o grupo descobriu que Bruno teria matado Tiago. A gerente do trĂĄfico o teria atraĂ­do atĂ© um bar no bairro Guajuviras, onde – na linguagem policial – ele foi arrebatado na noite de 10 de dezembro. Sequestrado pelos ‘colegas’, os investigadores da PolĂ­cia Civil (DHPP) suspeitam que ele foi torturado atĂ© a morte. Por denĂșncia anĂŽnima, os policiais ainda descobriram que ele jĂĄ entrou no veĂ­culo dos ‘amigos’ ferido, pois poderia ter recebido tiros. TrĂȘs dias depois, a famĂ­lia registrou o seu desaparecimento.

O comparsa de Bruno, que ajudou a matar Tiago, foi preso antes do Natal. Os policiais descobriram que ele e o menor, junto com a ‘chefe’, chegaram a chorar no velĂłrio do homem e que todos eram amigos jĂĄ de longa data.

JĂĄ em 2021, a famĂ­lia do adolescente começou a cobrar os policiais informaçÔes sobre o paradeiro do jovem. A investigação apurou que circulava vĂ­deos mostrando Bruno sendo morto a machadadas e amarrado em uma ĂĄrvore em uma ĂĄrea de mata. Fato esse confirmado cerca de trĂȘs meses depois, apĂłs outra denĂșncia anĂŽnima. No perĂ­odo, a gerente que mandava em Bruno e nos negĂłcios dentro do ‘Beco do Cris’ acabou presa pela morte de Tiago.

Os agentes da PolĂ­cia Civil (DHPP) reviraram Canoas e cidades vizinhas atrĂĄs do corpo de Bruno seguindo pistas de denĂșncias anĂŽnimas. Durante o depoimento dos investigados pelo crime, um deles chegou a dizer, conforme o delegado Peternelli, que sem corpo nĂŁo haveria prisĂŁo.

Em maio, com a ajuda dos cĂŁes farejadores (General e Guria) da Companhia de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros (CEBS), os policias encontraram, em Cachoeirinha, uma ossada que poderia ser do menor. Dois fatores os levaram a acreditar na hipĂłtese. SĂŁo eles: as cordas em que ele, supostamente, foi amarrado na ĂĄrvore e uma cueca que a famĂ­lia identificou como sendo dele. O Instituto Geral de PerĂ­cias (IGP) recolheu o material para descobrir a identidade.

ApĂłs a localização, mesmo sem a confirmação de que seria Bruno, a equipe da PolĂ­cia Civil conseguiu que a Justiça autorizasse e trĂȘs criminosos foram presos pela morte do Bruno. PorĂ©m, nĂŁo ficaram nem duas semanas presos. A defesa entrou com um pedido de Habeas Corpus que foi aceito pela Justiça e agora eles respondem em liberdade.

“A polĂ­cia conseguiu prender sem ter o corpo. Eles tentaram dificultar o nosso trabalho, ocultando o corpo em outra cidade”, comenta o chefe de investigação da DHPP, Daniel Pinho. AlĂ©m do homicĂ­dio, os criminosos tambĂ©m serĂŁo indiciados por terem escondido o corpo de Bruno. Esse ato pode aumentar a pena em, no mĂ­nimo, trĂȘs anos.

Restos mortais eram de Bruno

Quatro meses depois, o IGP confirmou que a ossada era de Bruno. O resultado serĂĄ incluĂ­do no inquĂ©rito. AlĂ©m disso, segundo o delegado Peternelli, o trabalho de investigação avança para apurar se existe a participação de mais pessoas no crime, jĂĄ que um carro e um cobertor – com manchas de sangue humano – foram submetidos a perĂ­cia. O resultado deve ser entregue nos prĂłximos dias.

Mesmo com os indicativos de que a ossada era do adolescente, os policiais precisavam ter certeza para poder informar o Poder JudiciĂĄrio. O material foi recolhido pelo Instituto Geral de PerĂ­cias (IGP) para ser submetido a anĂĄlise. O resultado, que confirmou as suspeitas, saiu na Ășltima quarta-feira (22).

Saiu da cadeia e foi morto

Um dos presos pela morte do Bruno que foi beneficiado pelo Habeas Corpus teve um desentendimento com o grupo criminoso e quis sair. Ele queria voltar para o anterior ao qual integrara antes de mudar de lado. Foi bem aceito. Menos de 10 dias depois, Guilherme de Souza SĂĄ – mais conhecido como Guigui – foi morto a tiros tambĂ©m no Guajuviras. O corpo foi encontrado em um campo desmatado, no mesmo bairro.

‘Guigui’ foi morto dentro de um carro que fazia transporte por aplicativo na frente da namorada. Em menos de 15 dias após o crime, os policiais identificaram e prenderam os criminosos. O motorista, responsável pelo carro, está sendo investigado pelos agentes da DHPP. Para os policiais, ele contou que foi obrigado pelos bandidos a ‘se livrar’ do corpo.

Conforme apuração feita pela delegacia, esse crime não estå relacionado diretamente às mortes de Bruno e de Tiago.

DenĂșncias anĂŽnimas

O delegado Peternelli destaca que as denĂșncias anĂŽnimas auxiliam o trabalho policial a desvendar a autoria dos crimes. Nesse caso, um exemplo claro Ă© que a localização do corpo de Bruno sĂł foi possĂ­vel apĂłs um pedestre, que caminhava pela Estrada dos Caetanos, sentir um forte odor e ligar para o ‘Disque HomicĂ­dios’. Quem tiver informaçÔes sobre essa ocorrĂȘncia, ou outras, pode ligar para o 0800 642 0121.  Todas as informaçÔes recebidas sĂŁo checadas.

AgĂȘncia GBC tentou contato com as famĂ­lias e com as defesas dos mencionados, mas ainda nĂŁo obteve retorno.

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