RODRIGO BECKER

Rodrigo Becker é jornalista e escreve sobre política, negócios e cidade diariamente neste espaço.

CANOAS | Acordo para presidência da Câmara deve ser mantido: por enquanto, ruptura é ‘assunto’, não um ‘fato’

Cris Moraes é o indicado para assumir comando do Legislativo em 2023: ruptura entre vice no exercício e prefeito eleito ainda não afeta relações na Câmara

Finalzinho de 2020 e o blog antecipou que o acordo para presidência da Câmara nos quatro anos desta legislatura estava definido. No primeiro ano, o mais votado, Márcio Freitas – então no PDT principal aliado de Jairo Jorge no que era a oposição -, levou. Este ano, Eracildo Linck, do MDB, está à frente do legislativo. Ano que vem deve ser a vez de Cris Moraes, do PV, seguido por Gilson Oliveira, do Avante, em 2024.

A pouco mais de um mês para a votação, o clima predominante é o de manutenção do acordo. O burburinho de que com o movimento de Nedy de Vargas Marques, o prefeito em exercício, de assumir as rédeas do governo pudesse inflamar um rompimento na Câmara, derreteu. A menos que aconteça uma inédita e imprevista virada de mesa, a carta está dada: Cris Moraes senta na cadeira mais alta do plenário.

O burburinho, embora pareça não representar perigo ao acordo, tem sua razão de ser. Nedy vem conversando com vereadores da oposição, como Juares Hoy (PTB) e Alexandre Gonçalves (PDT), que não tinham porta de entrada com Jairo Jorge. Jonas Dalagna, do Novo, segue independente – mas já foi convidado e compareceu a eventos do governo, a pedido de Nedy. Há proximidade entre eles. Se as cadeiras do plenário da Câmara falassem, diriam que o rompimento velado entre JJ e Nedy tem tudo para se tornar explícito logo, logo – levando o PSD, com seus três vereadores, à uma inusitada política de descarte do vice à espera do titular afastado. Neutralidade, na prática, significaria oposição e o PSD, que elegeu o prefeito em 2020, acabaria ‘apeado’ do próprio governo. Nedy ’empataria’ o nariz torcido do PSD com os três da oposição: 18 a 3 para o governo mantido.

O assunto quase saiu do achismo para a prática há 10 dias, quando alguns assessores do governo foram vistos em evento de Jairo Jorge na praça do bairro Rio Branco. Ele gravava por lá depoimentos para seu programa, Domínio Público. Na segunda, o Diário Oficial trouxe as demissões. Nedy explicou ao blog que uma coisa nada tinha a ver com a outra: os que saíram, disse ele, era porque não entenderam o ‘estilo Nedy’ e, então, não serviam mais para tocar suas funções no governo. Na quinta, dirigentes do PSD foram recebidos pelo prefeito em exercício que garantiu que todos os cargos indicados pelo partido seriam mantidos – desde que outras pessoas fossem indicadas. Crise contornada, mas fica a pulga.

Porque trato disso em um post sobre a eleição da presidência da Câmara? Na prática, todos os movimentos da política interferem no parlamento – em especial, os do governo. Vereadores, ansiosos por um desfecho do caso Jairo Jorge, andam empertigados com as possibilidades do governo Nedy. MDB e PP, que almoçaram juntos na semana passada para avaliar o segundo turno das eleições, já enxergaram que o rompimento entre prefeito eleito e vice em exercício pode respingar no parlamento. Por enquanto, eles e os demais integrantes da base de apoio põe panos quentes sobre a briga que é assunto de 10 em 10 políticos nos bastidores.

O temor, creio eu, é o de serem chamados a um ‘tá comigo ou tá com ele?’ e serem, desde já, obrigados a fingir para um dos lados.

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