Gerente de supermercado em Canoas é demitido após caso de tortura dentro do depósito

Em nota, a empresa pediu desculpas pelo ocorrido e disse que as agressões são inaceitáveis

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A rede de supermercados UniSuper confirmou na noite desta segunda-feira (5) a demissão do gerente e do subgerente da loja da Avenida Inconfidência, em Canoas, que são investigados por participarem da tortura de dois homens acusados de furtarem picanhas no estabelecimento. As agressões aconteceram no depósito da unidade.

Em nota, a empresa pediu desculpas pelo ocorrido e disse que as agressões são inaceitáveis (leia nota abaixo).

O que a investigação já sabe?

O caso é acompanhado pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Canoas. O crime aconteceu em 12 de outubro. Porém, a polícia só foi acionada no dia 14, após um dos homens dar entrada no Hospital de Pronto Socorro (HPS) de Porto Alegre. Ele tinha diversas fraturas no rosto e acabou ficando em coma induzido.

Em entrevista exclusiva, o delegado Robertho Peternelli deu detalhes sobre o que a investigação já apurou até o momento. Assista:

Imagens recuperadas

Uma equipe de investigadores foi até o local e conversou com uma testemunha que relatou o ocorrido. Em seguida, os policiais foram até o supermercado e solicitaram as imagens das câmeras de videomonitoramento. Porém, segundo a polícia, um funcionário começou a apagar os vídeos após perceber a presença dos policiais.

Mesmo sendo informados que não havia mais imagens, os agentes da DHPP Canoas apreenderam o DVR e encaminharam para o Instituto Geral de Perícias (IGP). Os peritos recuperaram os vídeos que mostram a seguinte cena: um dos homens torturados furtou pedaços de carnes e, no momento em que saia da loja, foi abordado pelos seguranças e levado ao depósito. No local, ele sofreu diversas agressões.

Após a primeira tortura, os seguranças receberam informações de que um outro homem estava praticando furtos no local. Pego já na frente do estabelecimento, o suspeito foi levado até o depósito e agredido diversas vezes.

Além das agressões, os seguranças cobraram ‘resgate’ para que os dois fossem liberados. A quantia exigida era de R$ 644. O filho de uma das vítimas pagou o valor.

Três envolvidos ainda são desconhecidos

Segundo o delegado, quatro agressores já foram identificados e escutados. Todos, até o momento, apresentaram versões diferentes. Faltam três envolvidos que, conforme a polícia, ainda são desconhecidos e, por isso, não foram identificados.

Além disso, Peternelli ressalta que os furtos praticados pelos dois homens não foram apurados, porque não houve o procedimento correto. Ambos deveriam ter sido levados a delegacia para o registro da ocorrência. “Existe todo um regramento jurídico que deveria ter sido seguido. O sistema de justiça criminal precisa ser acionado, sempre, para coibir todos os tipos de crimes”, pontua.

O que diz a empresa de vigilância

A reportagem conversou com o Dr. William Nunes Alves que está defendendo a Glock. Oficialmente, ele informou que a empresa só se manifestará em juízo e ressaltou que teve acesso as imagens apenas após a veiculação da reportagem.

Nota do UniSuper na íntegra

“Viemos a público nos desculpar pelos fatos ocorridos na loja da Avenida Inconfidência, em Canoas.

Estamos profundamente abalados. As agressões são inaceitáveis e não condizem com a sólida história de 22 anos da Rede UniSuper, que sempre foi marcada pelo respeito ao ser humano, aos seus direitos fundamentais e a valores como transparência, trabalho em equipe e solidariedade.

Diante de uma conduta lamentável e cruel com a qual jamais concordaremos, informamos que encerramos o contrato com a empresa Glock Segurança, desligamos os funcionários envolvidos e iniciamos o trabalho de revisão de todos os nossos protocolos de segurança e de conduta. Não mediremos esforços para construir sólidos procedimentos que garantam que situações como essa jamais voltem a acontecer.

Reafirmamos o nosso compromisso com o respeito à vida e à dignidade da pessoa humana, e nos colocamos, mais uma vez, integralmente à disposição das autoridades.”

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