O número de consumidores que estão em inadimplência no Brasil continua elevado, mesmo com indicadores positivos na economia, como a geração de empregos formais e o aumento da renda média.
Dados recentes do Indicador de Reincidência da CNDL e do SPC Brasil mostram que 83,3% dos brasileiros que atrasaram contas em março são reincidentes — ou seja, voltaram a ter o nome negativado após já terem quitado ou renegociado dívidas nos últimos 12 meses.
O levantamento também revela que o tempo médio entre uma dívida e outra é de apenas 75 dias, o que reforça a fragilidade no planejamento financeiro da população.
Perfil do endividado brasileiro
O maior grupo entre os inadimplentes reincidentes está na faixa etária de 30 a 39 anos, representando 25,9% do total. Em seguida, aparecem os consumidores de 40 a 49 anos (23,8%) e de 50 a 64 anos (20,1%). Jovens da Geração Z, com idades entre 18 e 29 anos, também estão entre os grupos mais afetados.
Apesar de a maioria das dívidas estar na faixa de até R$ 500, o valor médio das contas quitadas em março foi de R$ 2.073,94.
Cenário econômico ainda pressiona o orçamento familiar
Mesmo com a redução da taxa de desemprego e recordes no número de trabalhadores com carteira assinada, os brasileiros continuam enfrentando dificuldades para manter as contas em dia. Fatores como inflação elevada, especialmente de itens essenciais como alimentos, e juros altos contribuem para o aumento do endividamento.
Além disso, a manutenção da taxa Selic em níveis elevados e a instabilidade no cenário econômico global continuam dificultando o acesso ao crédito e comprometendo o consumo.
LEIA MAIS:
- Gustavo Finck assina decreto de calamidade financeira na Prefeitura de Novo Hamburgo
- Auxílio Gás: governo garante pagamento mesmo sem orçamento
- Estudantes que fizeram Enem receberão R$ 200 do Governo Federal; Entenda

Reincidência de dívidas está ligada à falta de planejamento financeiro
A reincidência no cadastro de inadimplentes está diretamente associada à ausência de organização financeira. Muitos consumidores acabam renegociando dívidas sem considerar o impacto das parcelas no orçamento mensal. Quando o acordo compromete despesas básicas, como moradia, alimentação e transporte, a inadimplência acaba se repetindo em pouco tempo.
Entre os reincidentes, uma parcela significativa ainda não conseguiu pagar dívidas anteriores, enquanto outros voltaram ao cadastro em menos de um ano após a renegociação.
Dicas para evitar a reincidência na inadimplência
Manter a saúde financeira requer planejamento, disciplina e atenção ao orçamento familiar. Veja algumas dicas para evitar voltar ao cadastro de inadimplentes:
1. Organize o orçamento
- Anote todas as fontes de renda líquida (o que realmente entra na conta).
- Liste todos os gastos fixos e variáveis.
- Faça revisões mensais para identificar excessos e ajustar os gastos.
2. Negocie dívidas com responsabilidade
- Ao renegociar, certifique-se de que a nova parcela cabe no orçamento.
- Evite acordos que comprometam despesas básicas ou essenciais.
3. Evite o uso de crédito caro
- Reduza ou elimine o uso do cheque especial e do rotativo do cartão de crédito.
- Priorize o pagamento à vista sempre que possível.
4. Busque uma fonte de renda extra
- Trabalhos freelancer, venda de produtos ou prestação de serviços são boas opções.
- Utilize a renda adicional para quitar dívidas ou formar uma reserva de emergência.
5. Não troque dívidas antigas por novas
- Contrair empréstimos para quitar dívidas pode agravar a situação.
- Planeje uma solução sustentável, evitando o endividamento em cadeia.
Educação financeira é o melhor caminho para sair do vermelho
A inadimplência reincidente no Brasil destaca a importância da educação financeira e da gestão consciente dos gastos. Com um orçamento bem estruturado, é possível renegociar dívidas de forma sustentável, evitar o uso excessivo de crédito e garantir maior estabilidade financeira no médio e longo prazo.