A frase sobre um casal dita como “Agora não vou mais me incomodar com eles” marca o ponto central do que teria dito Cláudia de Almeida Heger, 51 anos, acusada de orquestrar a morte do pai, Rubem Heger, 85 anos, e da madrasta, Marlene dos Passos Stafford Heger, 53. A declaração veio à tona através da delação premiada de seu filho, Andrew Heger Ribas, 29 anos, que detalhou os fatos ocorridos em 2022.
Assim, durante o depoimento, Andrew revelou ao Ministério Público (MP) que Cláudia teria misturado uma substância na comida do casal, causando a morte deles por envenenamento. Ele contou que questionou a mãe ao perceber que os idosos haviam adormecido no sofá. A resposta foi direta e fria: “Agora não vou mais me incomodar com eles.”
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Além disso, essa frase, segundo o relato, teria sido dita antes de ambos incinerarem os corpos em uma churrasqueira, na tentativa de ocultar o crime. Posteriormente, Andrew afirmou que agiu sob ordens de Cláudia, destacando confusão mental na época dos acontecimentos. “Ela mandava, e eu fazia. Eu não conseguia pensar sozinho”, disse, de acordo com o advogado que divulgou a delação.
Imagens reforçam a acusação de morte de casal
Câmeras de segurança captaram Cláudia e Andrew chegando à residência das vítimas em Cachoeirinha, na Região Metropolitana, e permanecendo por cerca de quatro horas. Mais tarde, registros mostram a movimentação suspeita de colchões para encobrir o carro e dificultar a visualização interna. Essas evidências sustentam a tese do MP de que a morte do casal foi meticulosamente planejado.
Justiça
Cláudia e Andrew irão a júri popular em 27 de novembro, enfrentando acusações de homicídio qualificado, ocultação de cadáver e outros crimes. A defesa de Cláudia classificou as acusações como “descalabro” e questionou a sanidade mental de Andrew. Já a assistência de acusação reafirmou o compromisso de lutar pela memória das vítimas e pela justiça.
Enquanto isso, a frase da acusada se destaca como símbolo da brutalidade do caso. “A confissão detalha um crime que não apenas tirou vidas, mas dilacerou uma família”, destacou um dos advogados da acusação.
Com a delação premiada, Andrew poderá ter a pena reduzida, mas o caso segue envolto em comoção e indignação por parte dos familiares.
Confira na íntegra a nota dos advogados de defesa dos acusados
Defesa de Cláudia de Almeida Heger
“Existe uma verdade e estamos ao lado dela. Na próxima semana, mostraremos à comunidade de Cachoeirinha, sem qualquer intermediário, a inteireza dos fatos. Confiamos na sabedoria da instituição mais democrática do Brasil: o Tribunal do Júri.
Quanto às acusações do filho, Andrew, contra a própria mãe, Cláudia, é um descalabro o Ministério Público gaúcho entabular uma colaboração premiada em que se rifa a sorte de outro corréu com um denunciado inimputável. Ou seja, alguém que não compreende a ilicitude de sua conduta em razão de enfermidade mental.
Enfim, esse instituto, a delação premiada, deita raízes no fatídico episódio em que, após um acordo com o “cidadão de bem” de Iscariotes, levou-se à condenação do carpinteiro de Nazaré. No caso Heger, acreditamos que a consciência do povo cachoeirinhense fará uma justiça muito superior à que faria qualquer profissional jurídico do Tribunal rio-grandense.”
Defesa de Andrew Heger Ribas
Como advogadas atuando na assistência de acusação no processo criminal cujo Júri está designado para o dia 27/11/2024 na Comarca de Cachoeirinha, reafirmamos nosso respeito à memória das vítimas e à dor dos familiares, que enfrentam um momento de profunda angústia enquanto aguardam a concretização da justiça.
Comunicamos que houve a celebração de delação premiada por Andrew de Almeida Heger, devidamente homologada nos autos do processo.
Mantemos nosso compromisso inabalável de representar os interesses legítimos da vítima e de seus familiares, orientando nossa atuação pela ética, pelo respeito e pela busca incessante da verdade. Seguimos confiantes de que a justiça será alcançada com serenidade, responsabilidade e consideração pela dor dos familiares.