Uma fraude envolvendo a fábrica Dielat, localizada em Taquara, colocou leite adulterado com soda cáustica e água oxigenada à venda em supermercados brasileiros. Essa prática, descoberta pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) durante a Operação Leite Compensado, comprometeu a segurança alimentar ao reprocessar alimentos vencidos e mascarar deteriorações.
Leite Compensado: produto contaminado chega às prateleiras
A Dielat distribuía produtos como leite UHT, leite em pó e compostos lácteos em grandes mercados, incluindo supermercados em Canoas. Além disso, anteriormente, a Agência GBC encontrou o leite adulterado da empresa sendo vendido por menos de R$ 2 no bairro Estância Velha.
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Esses preços atrativos mascaravam os riscos à saúde dos consumidores, que poderiam sofrer danos graves, como o desenvolvimento de câncer, segundo especialistas.
Fraudes sofisticadas desafiam fiscalização
O promotor Mauro Rockenbach revelou que as técnicas de adulteração se tornaram mais avançadas, dificultando a detecção de substâncias perigosas nos testes iniciais. Ele explicou que a soda cáustica e a água oxigenada não apenas mascaram a acidez, mas também tornam a fiscalização mais complexa. Por isso, o MP intensificou os exames para identificar os lotes contaminados, ressaltando a necessidade urgente de maior controle nos processos industriais.
Distribuição nacional e internacional
Os produtos adulterados da Dielat, comercializados sob marcas como Mega Lac, Mega Milk, Tentação e Cootall, chegaram a milhares de consumidores no Brasil e até na Venezuela. Em Canoas e em outras cidades brasileiras, a ampla distribuição desses itens aumentou o alcance do risco. A empresa também forneceu laticínios a escolas por meio de licitações, ampliando ainda mais o impacto da fraude.
Mago do leite
Durante a 13ª fase da Operação Leite Compensado, realizada na última quarta-feira (11), as autoridades prenderam quatro pessoas, incluindo Sérgio Alberto Seewald, conhecido como “mago do leite”. O engenheiro químico, considerado o mentor da fraude, manipulava o pH do leite com precisão para evitar a detecção dos produtos químicos. Além dele, o sócio-proprietário da Dielat e dois gerentes foram detidos.
As buscas revelaram condições insalubres na fábrica de Taquara, como “pelos indefinidos” e sujeira nas embalagens. Esses indícios reforçam a gravidade das irregularidades cometidas pela empresa, que contratou Seewald como consultor técnico mesmo após seu histórico de fraudes.
A reportagem da Agência GBC tenta contato com a defesa da empresa e do químico, mas ainda não obteve respostas. O espaço segue aberto para manifestações.