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23 de maio de 2025
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Voluntários da enchente pedem indenização milionária após resgate de armas da Taurus; Entenda

Grupo alega que soube somente no ponto de encontro que teria que transportar carga de armas

Voluntários que atuaram nas enchentes do RS, em maio do ano passado, processaram a empresa de armas Taurus e a União após serem coagidos e enganados para auxiliarem na retirada de uma carga de armas que estava no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre. O grupo, que foi chamado de início para salvar crianças, pede indenização de R$ 1,2 milhão. O processo foi divulgado nesta sexta-feira (11) pelo jornal O Globo.

O que disse voluntário sobre o caso 

Em entrevista ao Globo, um dos voluntários do grupo, Nicolas Vedovatto, de 26 anos, disse que se sentiu enganado. De acordo com o relato, o jovem recebeu em um grupo de Whatsapp formado por outros voluntários uma mensagem pedindo ajuda para aquela que seria sua missão “mais difícil”.

 “Em um desses grupos, havia um pessoal que, em determinado momento, passou a informação que havia uma missão que era delicada, muito importante, que envolvia crianças. Foi então que reuni diversos materiais, como corda, boia, machadinha, pois não sabia com o que a gente ia se deparar. A gente queria saber onde era o local do resgate e não nos passaram, porque disseram que se divulgassem poderia tumultuar e que era uma operação sigilosa”, disse Vedovatto. 

Vedovatto e os resto do grupo combinaram de se encontrar em um posto de combustível para receber informações sobre o resgate. No entanto, os interlocutores se apresentaram como funcionários da Taurus. 

“Disseram que precisavam da gente, mas que não era mais para resgatar crianças e que a missão agora se tratava de armas. Então, nesse momento, toda nossa equipe ficou balançada, não queríamos ir”, afirmou Nicolas.

“Mesmo a gente não querendo participar, eles nos persuadiram. Disseram que nossa causa era muito mais grave do que resgatar crianças, porque essas armas poderiam cair nas mãos de criminosos, e isso poderia ser muito pior”, acrescentou.

PF detectou risco de roubo da carga armazenada no aeroporto. (Foto: Polícia Federal / Divulgação)

O processo

A Advocacia-Geral da União (AGU), citada no processo, defende que não tem responsabilidade civil no caso. 

De acordo com a AGU, qualquer ato que possa gerar responsabilização civil está relacionado à conduta da empresa corréu, proprietária da carga de armas e responsável por seu transporte e armazenamento, conforme as normas específicas que regem esse tipo de material.

Conforme a ação, quando tentaram desistir da operação por preocupações com a segurança do grupo, os responsáveis informaram os voluntários de que, caso não participassem, teriam que aguardar o fim do resgate sob escolta, sem poder deixar o local.

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O que dizem os envolvidos

A assessoria de imprensa da Taurus afirmou que “esse processo judicial não é procedente, conforme foi demonstrado e comprovado pela Taurus na sua defesa. A operação foi determinada e coordenada pela Polícia Federal e a empresa não realizou recrutamento de voluntários civis”.

Em nota, a Polícia Federal informou que a retirada das armas foi coordenada pela corporação em articulação com a Fraport, administradora do Aeroporto Internacional Salgado Filho, “e com a empresa proprietária da carga e as pessoas contratadas por ela — sendo estes, exclusivamente, os participantes envolvidos com a logística de remoção do armamento”.

A União, segundo a defesa, tinha apenas o dever de proteger a área do terminal aeroviário contra possíveis saques, não sendo responsável pelo transporte ou realocação dos materiais para outro local.

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