Já está nas mãos da Justiça a defesa de Jairo Jorge sobre as acusações que o Ministério Público gaúcho lhe imputou a partir das investigações da Operação Copa Livre – aquela que, em março, veio como um vendaval ou microexplosão climática na política de Canoas. Afastado do governo desde então, o prefeito tem se comunicado através de vídeos gravados e só deu uma entrevista à Rádio Gaúcha, em maio. O comunicado mais recente, publicado na manhã desta quinta-feira, 1º, conta sobre a defesa e semeia nova esperança no povo jairista de que, dessa vez, ele volte ao paço para cumprir o mandato ao qual foi eleito.
Em 4m50seg, visivelmente mais magro, Jairo fala de sua defesa. E refuta, novamente, o principal pilar da acusação do MP: a de que ele teria acertado o recebimento de propina em Barueri, São Paulo, em 25 de setembro de 2020 para, mais adiante, facilitar a vida de empresas que tinham interesses em licitações na cidade. Um relatório feito pelo próprio MP com base nas informações de uso do celular de JJ naquele dia aponta que ele não teve contato com antenas de fora do Rio Grande do Sul e, portanto, não saiu do Estado.
Vale dizer: a defesa de Jairo não afirma que não houve um grande esquema para corromper licitações na Prefeitura de Canoas, mas tira o prefeito de dentro do principal elemento de acusação. Sem a participação dele na tal reunião que combinou o esquema, como responsabilizá-lo pela suposta fraude?
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Politicamente, o vídeo chega em um momento que o grupo político ligado ao prefeito está em contagem regressiva pelo dia 27 de setembro, quando expira o prazo de 180 dias de afastamento determinado pela justiça em março. A esperança de que Jairo volte ao paço para cumprir o mandato que a urna lhe deu, em 2020, segue viva – apesar do próximo movimento, que deve ser do MP.
Esta semana, o Ministério Público ouviu outras testemunhas sobre o que pode ser uma nova denúncia a partir dos desdobramentos do que a Copa Livre investigou. Oficialmente, nada é confirmado, mas já é esperada que o contrato da Aceni, que venceu o processo de contratação emergencial para gestão do Hospital Universitário, seja objeto de uma ação do MP. Os promotores devem pedir, ainda, a prorrogação do afastamento pelo período em que as investigações perdurarem.
Com os dois elementos na mão – o pedido do MP e a defesa de JJ -, o desembargador Newton Brasil de Leão, responsável pelo caso, fará sacudir a balança da Justiça: só é cedo para dizermos para que lado ela penderá.