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16 de janeiro de 2025

Saiba quem é o “Mago do Leite” que colocava soda cáustica no leite

"Mago do Leite" já havia sido investigado pelo mesmo crime; Veja mais detalhes a seguir na reportagem completa

A 12ª fase da operação “Leite Compen$ado”, conduzida pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) nesta quarta-feira (11), resultou na prisão de seis pessoas suspeitas de adulterar laticínios com soda cáustica. Entre os detidos, está Sérgio Alberto Seewald, conhecido como “Mago do Leite”, engenheiro químico que já havia sido preso em fases anteriores da operação.

A ação focou na fábrica Dielat Laticínios, localizada em Taquara, no Rio Grande do Sul, que produz diversos derivados lácteos, como leite UHT, leite em pó, soro, entre outros. Durante as investigações, o MPRS identificou a presença de soda cáustica e água oxigenada nos produtos da empresa, substâncias altamente prejudiciais à saúde. Além disso, foram encontrados “pelos indefinidos” e sujeira dentro das embalagens.

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Eles distribuíam os produtos adulterados para o Brasil e para a Venezuela. No Brasil, comercializavam as marcas Mega Lac, Mega Milk, Tentação e Cootall, enquanto na Venezuela, vendiam os produtos sob o nome de Tigo.

A operação envolveu 110 agentes e cumpriu 4 mandados de prisão preventiva e 16 de busca e apreensão em empresas e residências nas cidades de Taquara, Parobé, Três Coroas, Imbé e na capital paulista. Além de Seewald, também foram presos o sócio-proprietário da empresa em São Paulo, o diretor administrativo, dois gerentes e uma funcionária.

‘Mago do Leite’ é preso novamente após 10 anos

A operação prendeu Sérgio Alberto Seewald, o “Mago do Leite” ou “Alquimista”, pela segunda vez, depois de ele ser detido na quinta fase da “Leite Compensado”, em 2014. Na ocasião, ele adulterou leite com soda cáustica, bicarbonato de sódio e água oxigenada em uma indústria de Imigrante, no Vale do Taquari. Em 2005, absolviveram-no de uma condenação similar.

O promotor de Justiça Mauro Rockenbach explicou que Seewald deveria estar usando tornozeleira eletrônica enquanto aguardava o julgamento da quinta fase da operação. “Com a denúncia de 2024, confirmamos um novo risco. Para nossa surpresa, lá estava o Alquimista. Ele deveria estar usando a tornozeleira, mas, enquanto isso, continuou adulterando leite e aprimorando seus métodos”, afirmou Rockenbach.

O promotor Alcindo Luz Bastos da Silva Filho detalhou que os criminosos utilizam a soda cáustica para ajustar o pH do leite e diminuir sua acidez. Como a substância volatiza rapidamente, os exames não conseguem detectá-la. “Eles aprimoraram não apenas as fórmulas de adulteração, mas também as práticas criminosas”, disse o promotor.

Segundo o MPRS, a Dielat Laticínios contratou Seewald para assessorar na produção. A operação descobriu que os acusados usavam códigos como “vitamina” e “receita” para despistar as investigações.

Além disso, os envolvidos reprocessaram o composto lácteo vencido para reutilizá-lo, utilizando água oxigenada ou peróxido de hidrogênio para matar micro-organismos e recuperar o produto deteriorado. O promotor destacou os perigos da soda cáustica, que pode conter metais pesados, alguns até cancerígenos.

Os investigadores encontraram as irregularidades não apenas no leite UHT, mas também no leite em pó, compostos lácteos para bebidas e no soro de leite. A fábrica Dielat Laticínios participa de diversas licitações no Brasil, incluindo um contrato recente para fornecer laticínios a escolas de uma cidade paulista.

O que dizem os envolvidos?

Em nota, o advogado de Seewald, Dr. Nicholas Horn, afirmou que “Sérgio Alberto Seewald não tem qualquer relação formal ou informal com a Dielat”. Ele também contestou as acusações e afirmou que todas as medidas estão sendo tomadas para a soltura de seu cliente.

A reportagem da Agência GBC tentou entrar em contato com a Dielat Indústria e Comércio de Laticínios, mas, até o fechamento desta publicação, não obteve resposta. O espaço segue aberto para manifestações.

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